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compartilhando a paternidade de
um super pai que só faz o mínimo

Ondas de Amor e Raiva

yellow and white round plastic toy with varying emotions

Leia novamente o título deste post, mas cantarolando a música Como uma Onda no Mar. Vai te deixar mais relaxado. Eu estou escrevendo isso para que eu mesmo leia e fique mais relaxado, mais na vibe amor, porque essa noite foi difícil e eu não quero ficar apenas na raiva e reclamando (mesmo que eu goste, vide os outros post do blog).

Ah o amor, que sentimento lindo, que nos preenche e transborda. O amor é capaz de mover montanhas, de fazer o inimaginável, o inenarrável, o inacabável, o inanimado se animar. E do lado oposto do ringue, temos a raiva. A raiva é um sentimento pesado, duro, forte, que nos domina e vem acompanhado de estresse, de tristeza, de indignação, de todas as coisas ruins do mundo, a verdadeira caixa de pandora dos sentimentos.

E talvez seja durante a paternidade que você perceba algo que sempre soube, o amor e a raiva podem ser completamente diferentes, mas não significa que você não possa sentir os dois ao mesmo tempo. Eu não estou falando de estar com raiva do seu chefe que só faz merda, mas estar amando trabalhar na empresa. Eu estou falando de amar infinitamente seu filhe, mas estar com uma raiva quase que infinita por que ele acabou de fazer o que você pediu para ele não fazer: subir no seu sofá branco, com um copo de suco de uva e virar, de PRO PÓ SI TO.

Na real, essa situação específica do sofá nem aconteceu comigo, mas só de descrever ela eu já comecei a ficar tenso e me tremer todo. Mas no dia a dia temos vários exemplos como esse. O objetivo desse post não é redescobrir o óbvio, é só te dizer que tá tudo bem sentir raiva. Nós não controlamos o que sentimos, mas como adultos, temos que controlar o que fazemos com os sentimentos.

Fim! Brincadeira, hehehe, se fosse só isso eu faria um stories de 15 segundos e tava feito.

No exato instante em que meu filho nasceu, eu fui inundado de um amor tão grande que chorei horrores e não enxergava nada enquanto cortava o cordão umbilical da criança (fui até checar depois para ver se não tinha cortado uma perna ao invés do cordão). Mas os próximos 3 meses foram repletos de dificuldades, algumas questões de saúde mesmo e outras de aprender na prática a criar um bebê. E nesses primeiros três meses eu sentia muita raiva, não do meu filho, mas da situação toda, de acordar a cada meia hora, de nem se quer dormir nos primeiros 15 dias, de checar a cada 5 minutos se ele estava respirando, de estar cansado, de saber que no dia seguinte começaria tudo de novo e de fazer tudo isso e ainda ter que pensar em trabalho.

Em nenhum momento o amor deixou de existir, ele sempre estava ali, foi o amor pelo meu filho, pela minha esposa, pela nossa vida, que me fez encarar os problemas e continuar. E de repente, a gente se acostuma com o trabalho todo, e começa a ficar mais automático. A gente continua dormindo pouco, mas esse é o novo normal, continua checando se tá respirando, mas já sabe só de olhar de longe, continua trabalhando, mas sabendo que a prioridade é outra, e que vai valer a pena.

Depois dos 3 meses, o bebê começa a interagir mais e isso faz com que o amor fique ainda mais escancarado. Você acha fofo todos os sons estranhos que a criança faz, e começa a tentar interpretar, delirando que o pequeno Albert Einstein já está falando frases perfeitas, e que está quase pronto para uma faculdade (sim, eu sou um pouco exagerado). Você já está tão acostumado com os problemas, que começa a rir disso, e de repente até a raiva vira amor.

Quando chegam os seis meses e você começa a introdução alimentar, seu filhe começa a jogar comida no chão, se negar a experimentar uma textura diferente, começa também a ficar mais frequentes os saltos de desenvolvimento, que fazem com que ele durma pior, e claro que isso te obriga a dormir pior. Como dizia Rouge: “Olha lá quem vem virando a esquina, vem Diego a raiva com toda a alegria, festejando”. Você perde a paciência, se estressa, começa a ficar com raiva todo dia.

Logo a criança se acostuma a comer, e você se acostuma com ela a jogar as colheres no chão, e a raiva volta a dar lugar ao amor. Depois vem o caminhar, que se transforma em subir em móveis que são perigosos, abrir armários e vasos sanitários que podem dar problema, e lá se vai a paz. O eterno ciclo sem fim, um pleonasmo tão grande quanto o sentimento de amor e raiva.

Portanto, o importante é entender que o amor e a raiva/estresse virão em ondas, e que o que você pode controlar nesse caos todo é como você reage. Ter uma parceria (como eu tenho a maravilhosa Ana), ou uma boa rede de apoio, pode ser essencial nesses momentos, para que você possa até mesmo se afastar, esfriar a cabeça e depois voltar mais paz e amor. Modificar o ambiente para minimizar o estresse, como colocar barreiras entre a criança e objetos perigosos, também pode ajudar muito (mesmo sabendo que os pequenos espiões vão sempre achar uma brecha no seu forte).

O artista Rashid disse tudo (de forma brega) na música Tudo ou Nada “O frio não é maior que o cobertor, a raiva ainda é grande, mas agora ela é bem menor que o meu amor”.

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