Já estou aqui me preparando para batalhar os dois tipos de red-pill que virão atrás desse post: os que acreditam que o universo inteiro gira ao redor dos seus umbigos e discordam do título; e os que concordam com o título, mas usam isso como desculpa para largar suas responsabilidades em cima das mães. Como eles provavelmente não lerão todo o texto, apenas esse parágrafo, deixa eu resumir: Oi, deixa o ego de lado e vai fazer sua parte. Abraços 😙.

Primeiro as ressalvas (que palavra elegante, devo estar usando errado): Tendo em vista que a relação que eu tenho mais conhecimento é a de um casal hétero e cis gênero, em que o bebê foi parido (é assim que fala?) e amamentado pela mãe, eu vou restringir a minha opinião a esse contexto, como expliquei anteriormente. Mas se você discorda, porque conhece outra estrutura, manda bala, me conta o que você pensa.

A gestação e o parto da criança são casos óbvios em que a importância da mãe é um pilar essencial para a existência do bebê, sem mãe, não existe o nascimento (infelizmente, na nossa realidade atual, tem muito bebê que nasce sem pai). Os seis primeiros meses também são fortemente focados na interação do bebê com a mãe, afinal é o seu leite que alimenta e sustenta a criança. A partir dos seis meses, quando começa a introdução alimentar (uma fase ao mesmo tempo, magnífica 🤩 e terrível 🥲), as coisas mudam um pouco, já que o bebe depende cada vez menos do leite materno e mais das comidas, mas mesmo assim os laços fortes com a mãe podem permanecer.

Então se você é pai e fica transtornado quando vê que seu fillhe prefere a mãe em algumas situações, ou se você acha um absurdo ouvir as mães falarem o quanto foi difícil pra elas todo o processo de maternidade, sem explicitamente mencionarem que foi difícil pra você também. Sinto lhe dizer, mas o culpado pode ser seu ego. Você não tem ideia (assim como eu não tenho) do quão mais difícil é para as mães, ou parafraseando a filósofa moderna Pepita: “Se coloca no lugar dela [mãe] 5 segundos e você vai entender a verdadeira história da vida dela”.

O português é uma língua bem complexa, e tendo lido o que falei até agora, pode ser que a nossa interpretação de texto em relação ao título “mães são mais importantes”, nos leve a conclusão que o contrário seria “pais não são importantes”. O que está errado, já que o certo seria “pais são menos importantes”, e menos não significa sem (pelo menos é o que o professor Pasquale dentro de mim acredita).

Portanto, para os pais que se esforçam para criar os filhos, saibam que vocês tem importância também. Enquanto a mãe está vivendo nos primeiros seis meses (mais os nove da gestação) quase que completamente para cuidar da criança, você tem que estar ali cuidando da mãe. Afinal, se a pergunta clássica é“ Quem faz o palhaço rir?” eu vou adaptar para “Quem cuida da mãe quando ela cuida da criança?”

Mais do que isso, tarefas domésticas, burocráticas e todas as que envolvem o bebê que não sejam exclusivas da mãe, como o amamentar, cabem a você. Não estou dizendo que você vai fazer tudo, mas bem que você poderia tentar fazer a maioria. Achar que depois da mãe ser sugada de hora em hora por um bebê que chora sem parar nos primeiros meses, ela ainda vai fazer o seu almoço e lavar as suas roupas poderia ser cômico, mas é cruel. Até por que se ela não estivesse sendo sugada ela também não teria essas obrigações. Ela é mãe, mas não a sua mãe, e você não é mais uma criança.

Esse assunto abre espaço para várias discussões e ramificações, como por exemplo: como pode um pai estar presente e fazer sua parte quando a licença parental é de apenas 5 dias, quando ela existe??? O artigo do Gustavo Serafim dá uma boa ideia de quão ruim é isso. Mas de qualquer forma, acho que para um início de conversa podemos parar por aqui. Em conclusão: se você é pai, entenda seu papel na relação, faça sua parte, e não espere aplausos por fazer o mínimo. A mãe pode ser a pessoa mais importante pra existência do seu filhe, mas talvez para a existência dela, essa pessoa seja você.

Yu-Gi-Oh já disse tudo, quando falou “Mais uma vez o seu ego ridículo e inflado cega completamente a sua visão da realidade.”